terça-feira, 31 de março de 2009

SEM TEMPO


O tempo é algo estranho, o homem tenta entende-lo falando de presente e da consciência do ser no meio temporal, isso me dá arrepios. O presente pra mim é algo inexistente no meio material sendo um passado constante, às vezes ele se revela como renovação do instante agora, o presente vira passado instantaneamente quando ele deixa de ser pensamento e vira fenômeno do material concreto, mais o pensamento não é fenômeno? Então o presente só existe antes mesmo do pensar?

A linha temporal é como um túnel que você passa com uma lanterna, o local por onde já passou é o passado, se olhar pra trás já tem muita coisa esquecida na escuridão, a sua frente o local onde a lanterna ilumina é o futuro e a cada passo você vê mais adiante, e o presente? JÁ vai virando passado, o presente existe em uma fração de tempo tão rápida (mais rápida que a velocidade da luz), antes mesmo da ordem de comando “uma passo a frente!” O presente é mais rápido que o próprio pensamento? Não podemos analisar o presente no agora só depois que ele passa!

Também digo que o presente sempre esta existindo mais não com grau de infinitude como se sempre existisse, o presente morre e nasce tão rápido que existe mutuamente como se cada instante fosse um novo presente que vai virar passado para dar espaço a mais um presente e assim por diante! Um presente passado?
O tempo nasceu e morreu em uma explosão, o que a gente vive é um resto de luz deixa do por ele, o que nos é intimo, o tempo é maia nossa forma de organizar essa realidade, o tempo é uma dor e não é nada além!

O tempo da voz de Cícero

Assim como Bispo do Rosário vou tecendo minha "tela" a cada aula. Me "embodieando" aos poucos naquela gama de inusitados comentários e falta de comentários.
O tempo cantado por Cícero dá vontade de parar no tempo e sem nenhuma pretensão de ser linear como o quis Edgard Navarro, vou agregando aos meus passos outros passos e outros sons. Imagem? Palavra?...Não importa! Tudo é linguagem. O que importa é deixar fluir, fruir e reverberar...respeitando meu rítmo e aprendendo a ouvir outros e, quem sabe, me fazendo ouvir.

segunda-feira, 30 de março de 2009

c a t a t e m p o


Na casa de vô Messias,

nada faltava nem findava.

Quando o fogo miava,

ele exclamava,

“oh o começo do escuro”.

Carecendo de água extinta,

ele dizia,

“a sede tá com sobra”.

Se perdia uma lembrança,

“tô sentindo esquecimento”.

Vô Messias era um magro

forte e sorridente.

Viveu para sempre

reciclando excessos

e se encantando de começos.




Assim como na vida de Edgar Navarro, na vida de Guiga,o passado está sempre presente.É sempre algo a 'retornar' para sabermos quem somos, o que estamos fazendo aqui ou ali....
A história do autor e do protagonista do filme 'Eu me lembro' se entrelaçam com a história brasileira durante todo o longa-metragem.
Embora a narrativa seja clássica:a obra é apresentada de forma cronológica- o crescimento de Guiga,se demorando nas descobertas da infância até a adolescência- ,o tempo não é tratado como linear,uma vez que passado e presente se confudem,como alucinações de um cogumelo.O resgate de outros tempos, afinal, não seria possível se eles fossem mesmo tão distantes.
Guiga nunca para de absorver seu agora e seu antes, desde sempre ele é atento a tudo e nunca para de ser atento a tudo, inclusive ao que "passou".
Nós nos aproximamos de nossas lembranças, assistindo o filme.O resgate memoralístico é inerente a todos.



.imagem.-Nti Uirá
.poesia.-Raiça bomfim
.catatempo.-Nti Uirá

Aula 03 e 04 - Por Magno Calazans

Retornando ao tempo e a temporalidade e levando em consideração a RAZÃO e a EMOÇÃO, pensemos em um segundo e somente nele, e isso basta, para compreendermos que nessa única fração de tempo, estamos estabelecendo sinapses e, o coração, nesse mesmo momento unívoco em que deliberamos a percepção, encontra-se em sístole e diástole. Então, é possível que em questão de um segundo vivamos, em conjunto, pensamentos e sentimentos próprios à situação que nos possibilitou possuí-los. E, a partir dessa ótica, torna-se praticamente impossível pensar sem sentir as idéias que nos permeiam, ou sentir sem ponderar sobre os sentimentos que nos rodeiam. Como dizia Fernando Pessoa:
"Meu pensamento é um rio subterrâneo.
Para que terras vai e donde vem?
Não sei... Na noite em que o meu ser o tem
Emerge dele um ruído subitâneo"
E René Descartes conclui: "Penso, logo, existo".
Hoje eu sei que existo porque sou (ponto)! E sendo sinto que penso e acabo também pensando nas coisas que sinto simultaneamente. E, a partir disso, sabendo que estou vivo, torno-me uno comigo e com os outros, com as coisas e com o universo. Fora isso, penso - na inércia das atividades humanas, que a morte ganha muito significado.

domingo, 29 de março de 2009

Razão e emoção

Entre aquela vela
cujo o vento fazia o barco navegar num mar sem fim
E a outra vela
cujo o fogo das suas chamas talvez pudesse diminuir o frio
Foi seguindo a aula 

Entre razão e emoção 
eu fico com a emoção
ops não pode separa-las
pois somos razão e emoção
Mesmo que o tempo seja companheiro ou inimigo
razão e emoção estão sempre unidas
mas de formas distintas

Pense na emoção
de cantar uma musica 
E na razão
embutida em todo contexto
Pense na imagem do iconoclasmo
controle politico-religioso
contra a idolatria? quizás podesse ser apenas isso

E Glauber com o dualismo
A cocaína usada por Freud, como remédio
As ideias de Camilo
O tempo,tempo,tempo....
onde começa onde termina?

Luiza Glads no vídeo
e a ideia de superioridade e inferioridade
como podemos ser realmente inferiores ou superiores
se somos iguais

Apenas signos 
e ponto de vistas distintos
várias luiza's
várias pessoa's
mas uma única turma
em ação............... 
................artística.

"Eu me lembro". Por Natureza

O Tempo.
O Tempo traz consigo as suas temporalidades. O filme, características de uma época e suas peculiaridades, ora severas, ora intrigantes, ora desafiadoras. Todos os momentos de uma trajetória marcada, assim como todas as outras, por descobertas.

Cada personagem, assim como os seres humanos do outro lado da tela, estão determinados a cumprir sua trajetória. Ao iniciar a caminhada, outros já estão no meio do caminho, e o então recém-chegado (Guiga, personagem principal da auto-narrativa*) seguirá com guias, que serão também suas referências, já inseridos em outros tempos de seus próprios itinerários.

Cenas se entrelaçam mesmo quando apresentadas em tempos, situações e personagens distintos. E o tempo, linha extensa e resistente dessa história, se mantém presente, unindo e harmonizando estas cenas.

O Protagonista narra a sua vida e as vidas que a sua encontra. Ao compartilhar experiências com essas outras vidas, Guiga autentica sua origem e define, justificando, o que lhe trouxe às conseqüências.

Tempos apresentados sequencialmente com muita similaridade épica. Traços de um percurso com características que nos remetem ao mesmo tempo da história, de fato, real.

Os encontros de vidas de várias idades nos permitem acompanhar diversas trajetórias dentro de um único contexto sócio-cultural. Contexto este onde podemos esbarrar em dores e necessidades distintas, e que nos presenteia com uma porção de tempos pessoais. Vários tempos em um tempo. E um tempo paralelo a outros tempos.

Dois Tempos:
· Pai adulto, severo. Filho adulto, vadio.
· O fim do tempo de sua mãe lhe direciona para um outro tempo.

O nosso protagonista percebe num determinado momento, que todos os tempos em que estava inserido explodem em sua memória a passar um “filme intenso”.
Todos os tempos juntos num só lugar e o ponto de observação é o mesmo baú que guardara tudo isso.
O “filme” é trazido por Guiga, ora involuntariamente, ora estimulado por componentes alucinógenos.

Brincando com o Tempo:
· Pai, num tempo bravo e soberano, noutro dependente e pacífico. Um pai que bate e esbraveja num tempo, noutro propõe pacto de não agressão, pois agora não é mais tão forte.
· Guiga, um tempo inocente, um tempo rebelde, um tempo sem rumo.

Tempos que se desencontram e divergem por conveniência, descarte, morte, não uso, mal uso.
“’Creo’ morreu durante o carnaval.”
Se um tempo acaba, outros seguem.

Tempos que se encontram e convergem através de idéias e ideais, lutas, protestos, violência.
“Ame-o ou deixe-o.”
O tempo tormenta um homem, um personagem.

Guerrilheiros lutam na guerra, neuróticos lutam contra suas próprias cabeças, tudo ao mesmo tempo. Tempos diferentes e igualmente ruins.

Ir para um tempo fugindo de outro. E no encontro que sucede:
“A alegria é a prova dos 9”

Encontro com um novo tempo para esquecer as farsas pintadas pelo antecessor:
“Aquela sim, foi a minha primeira comunhão.”

Rever-se, redescobrir-se, atentar para outros tempos inicialmente não pareceu agradável para Guiga. Foram necessários tempos de meditação.
“Conhecer-se a si mesmo foi a causa da sua desgraça.”


Tempos com os outros é aceitar o tempo dos outros, mesmo que o incomode, mesmo que não concorde. Para mudar, terá de ir para outro tempo!!!

O tempo espera:
“...Eu queria aprender guitarra, mas depois eu vejo...”
“...Mais cedo ou mais tarde você vai encontrar a esfinge...”

O Tempo tem cor, cheiro e estimula sensações. O Tempo é o quebra-cabeças, cada peça ao seu tempo.
“Um dia tudo que existe vai virar luz.”

Donos do seu Tempo ou levados pelo Tempo por não conseguir tomar posse dele? O tempo vai e volta, insiste em ficar... Nós insistimos para que ele fique ou vá.
Todas as vidas, todos os tempos.

Por fim, Guiga na roda e o Tempo em volta. Todos os tempos responsáveis pela construção de cada um de seus Tempos.

“Quando abrir os olhos, vai ficar tudo bem outra vez.”

Natureza França
29/03/2009

Finalmente minhas postagens

Sobre aula 3 – 18.03.09

Agora anda virando rotina, todos os dias quando o por do sol ainda ameaça vir me sinto tonto, me falta um pouco de ar, a pressão baixa e me vem uma gigantesca e irreal sensação de “Hiper deja vu”.
Lembro de imediato que essa sensação não é algo de novo em minha vida, porém quando isso ocorria, eu era apenas uma criança naquelas longas varandas do saudoso apartamento de Olinda.
Fico intrigado com essa sensação que vem tão forte que me faz parar o que estiver fazendo e apenas pousar meu corpo que fica imberbe de uma sensação que me conecta automaticamente aos sintomas dos 8 anos.
Por conta dos sintomas físicos esta sensação me remete de forma latente a uma época me deixando como quem quer desvendar os mistérios do Tempo, sim só pode haver mistérios para este que me precipita em tantas reflexões.
O que seria esse tempo, que leva e traz como uma ponte o menino pernambucano à esse jovem baiano [a se reformar novamente numa escola acadêmica] e ainda a indagar os sintomas do “Hiper deja vu” sentidos da mesma forma?
O caro amigo Abrahão costumava balbuciar: “O tempo, esse velho carrancudo sempre a nos encarar!”. Ou para tornar ao egocentrismo, em outrora escrevi no conto da SAGGA: “O tempo só fez passar, e perceberíamos todos que era ele realmente um meticuloso jacaré que fazia tic-tac numa terra do nunca. “.
Há quanto tempo escrevi essas linhas também já saudosas? Há quanto tempo fico a refletir sobre essa medida que aponta o espaço que se passou de um ponto ao outro? A questão é que o poeta bem cantarolava que ele é isso que “Não Para” e por conta disso melhor cessar por essa linha antes que o tempo que tenho para dormir acabe.

Tempo, tempo...
Glauber Albuquerque




Sobre aula – 11.03.09
As impressões do primeiro debate pintam o quadro high-tech, ou tecem a malha metálica da perna de um robô. Pois bem, me admira DEBATER a tecnologia sem fim na arte, moldando-se numa só, mas não me agrada tanta arte conceitual, inda mais banhada de pura tecnologia, mas tudo bem, não podemos expressar juízo de valor, pechas individuais, nem opiniões pessoais, estamos na Academia.

No mais, um texto interessante para se analisar um assunto importante, que não deve passar sem contestações e divergências de opiniões, assim pede a lógica do conhecimento.

Vamos à síntese, ou a tese já esta formada?
Glauber Albuquerque





Sobre aula – 04.03.09
Eis o primeiro dia onde adentro a Universidade Federal para iniciar um curso, já que tal caminho tanto percorrido sempre levava as festas ou encontros. Não nego! Em principio, defronte havia uma festa, música, dança, intervenções, palco, luz, pessoas a grama, e o novo, tudo tecido pelo novo surgindo a cada passo.
Uma biblioteca, uma sala de computadores, uma sala 108 vazia e escura que de minutos em minutos tornava a passar pela frente a espera, eis já uma expectativa. Cumprida ao ouvir a fala que dizia que EU ME LEMBRO, seria a obra para analise, filme que há cerca de dois meses tem sido minha empolgação. Para completar as belas expectativas: A notícia que teremos aulas praticas com programas, a palavra memória para se refletir, e a palavra tecnologia para se debater, acredito então que estou no curso certo.

Eu me lembrarei!!!
Glauber Albuquerque

Um estalo...

Ciclo Vital

O estalo de hoje(25/03) manhã, foi CICLO veio a cabeça a expressão CICLO VITAL, presente no texto sobre a “impermanência dentro da permanência”. E está história ficou ressoando da seguinte forma: o Tempo como ciclos que se fecham regidos por um Tempo Maior,Caetano diz em Oração ao Tempo, “...Compositor de Destinos...Senhor de todos os Ritmos....” e Gil em Tempo Rei, complementa a idéia
“... Não me iludo tudo permanecerá do jeito que tem sido...”

Não creio que um Tempo menor vá reger um maior nesse sentido para mim funciona bem aos moldes hierárquicos, há um ser maior que comanda e nos dá “deveres e direitos,” Para nós se chama TEMPO.

Mas e os Ciclos? São partes do Tempo?São órgãos de um corpo?Cada ciclo tem um ritmo?Uma linha que define o ponto de saída?
Sim, são partes do Tempo. São órgãos de um corpo. Cada ciclo tem um ritmo. Uma linha que define o ponto de saída. Formando uma harmonia entre cada ciclo de acordo a função,“...transcorrendo, transpassando, tempos e espaços navegando todos os sentidos.”

Ciclo Moderno

Agora, se essa harmonia se descompassa. O que acontece?
Em Tempos Modernos, talvez vire dinheiro; a urgência do tempo; corremos muito, trabalhamos mais ainda e nada nos preenche, não temos o “tempo”. Pois, fazemos muita coisa e no entanto, não há uma completude desse “ fazer ”.

Há uma impressão de rapidez no passar das horas. E nos angústia muito o passar das horas.A impressão que tenho é que depois dos 18 anos a vida passa por nós feito bala (falei outro dia isso para Luiza e ela me disse que para ela foi depois dos quinze).

Dissolvemos O TEMPO ORGÂNICO, em favor do “progresso”,da “ordem”.

Matamos, desmatamos, poluímos, iludimos, não sabemos o que comemos, não sabemos onde ir, não sabemos o que ser ou o que fazer(fala inclusive bem mencionada no primeiro dia do AA.), criamos stress, Tsunamis, vulcões em erupção, criamos lixo espacial, lixo nuclear e não fomos educados para o lixo orgânico e reciclado, o corpo emocional. Temos a eminência do amanhã, pois hoje já é ontem.

- Sabe como é?Quando lançamos “um” de última geração, “esse” já está ultrapassado, pois no depósito já temos uns dez mais sofisticados.
E dessa maneira, evoluímos a tal forma de nos sentimos sós, alguns suicidas(no Japão altamente tecnológico). “ O tempo não para...”, mas que autoflagelo esse tal!!!

O tempo urge e é dinheiro.

... em uma encruzilhada, sem EXU... é assim que me sinto as vezes

Quebramos o Ciclo do Tempo Orgânico, o Tempo natural de cada coisa; temos vidas voláteis, zeramos a hora de comer, hora de dormir, a rota da Terra, o ciclo lunar menstrual, a tábuas de marés; refazendo a nossa rota, o nosso eixo está deslocado literalmente, isso explico tanta gente fora de órbita.

E ai revolto (nos tempos de guri, era voltar o lance no futebol ou jogo de gude) a questão de Camilo, quando ele diz sobre a falta de tempo. A ciência fala que ao contrário do que se pensa o tempo aumentou, aumentou coisa de minutos, mas aumentou. Temos emergências a todo instante. Creio que cada momento tem a dose certa, claro que em uma situação como à aula de AA com Ivani e essa turma. Eu queria mais tempo, mas a demasia. Pode ser um risco

Se tivéssemos como aumentar o tempo para qual finalidade seria?

O nosso CICLO AA tem sido bem mediado e estamos progredindo. Até onde sei, não há nada inorgânico ou desprogramado,


...estamos na onda.

terça-feira, 24 de março de 2009

A impermanência de uma alma

No Combate entre você e o mundo, prefira o mundo.
Franz Kafka


Voltamos mais uma vez ao “Eu Me Lembro”, desta vez mais fundamentados após a esclarecedora palestra de Edgard Navarro na última aula. Este nos fez entender um pouco mais das raízes do filme ao contar sua trajetória. Mas quem é esse “tal” de Edgard Navarro? Cineasta baiano que iniciou sua carreira da década de 70, conhecido pela sua irreverência abriu nossas mentes para o seu mundo, a sua infância reprimida, sua adolescência e juventude marcadas pela ditadura, uma revolta reprimida, o desejo de lutar, mas como não lhe cabia a “violência armada” transferiu esse turbilhão de sentimentos, vivências e experiências para suas obras, jogando sempre “merda no ventilador”,fazendo sempre coisas que chocassem, rompendo antigos padrões e assim libertando-se dessa “violência intelectual”, salvando-se, buscando sua redenção, ou seja, como ele próprio afirma: transformando sua dor em luz, através da arte, do cinema.
Ivani nos trouxe em um dos seus comentários a seguinte questão: Com qual entendimento de tempo o filme “Eu Me Lembro” estaria vinculado? Acredito que esteja mais relacionado com o “tudo flúi” de Heráclito, ou seja, a impermanência, a mutação do homem através da sua relação com o mundo, da sua interação com esse mundo. Pois assim transcorre a obra de Edgard, as vivencias, as experiências (no sentido de a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, segundo Bondía*) o modificaram e ele ao ser modificado por esses acontecimentos, hoje “modifica” o mundo através de sua arte, arte essa manifestada de acordo com a leitura que fez de sua época, resultando aqui num filme memorialístico, marcado pela reflexão da sua vida e da sua geração.
.
*BONDÍA,Jorge Larrosa .Notas sobre a experiência e o saber de experiência.

3ª. Aula

Um (possível) segundo argumento: a relação corpo-mundo é estabelecida e modificada no tempo de cada relação self-corpo.

No corpo humano habita um observador chamado neste contexto de self. Não se sabe o que determina este observador. Seria a mente e/ou o cérebro e/ou o coração e/ou o espírito e/ou a alma? O saber não sabe, aliás, não existe consenso entre os diversos saberes produzidos pelo homem. Mas, o fato é que cada corpo humano habita um observador dotado de percepções e sensações, pensamentos e reflexões, atitudes e ações. Este corpo materializa o observador e legitima a sua existência.
Um desses saberes que não sabe é a arte e um de seus produtos é o filme “Eu me lembro” de Edgard Navarro. Através de uma narrativa linear, o filme apresenta uma história de vida e a passagem do tempo na perspectiva do self do personagem principal. É notório nesta obra que cada relação self-corpo é situada no tempo do seu observador. Tempo que estabelece e modifica a relação corpo-mundo. Consequentemente, tempo que transforma o observador e legitima a sua existência.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A Arte de transformar

Auditório cheio, cheiro de mofo...e aquele homem magrinho la no fundo esperando sua hora de falar e ser loucamente profundo. (aviso ...estou sem sinais gráficos)
*Não acredito num Deus que não sabe Dançar!*...e começo a transformar meus pensamentos a respeito daquele homenzinho que quase dançou por não conseguir conviver pacificamente com um tempo de repressão social, Política e pessoal. Não da pra pressionar as asas de quem tem espírito de passarinho.
Ele encontrou na arte a sua válvula de escape e transformou sua dor em luz, em catarse. Transformou e transforma dor em cor, repressão em escracho, realidade em devaneio. Um homem preso ao passado que ainda e muito presente dentro dele. Um homem com medo do futuro e de sua esfinge...então, ele finge que eh frágil e enfrenta com coragem e transparência todo tipo de pergunta.
Ouvindo aquele homem discorrer sobre seu trabalho, percebo a coerência dentro da sua incongruência e ...tudo se encaixa e ele consegue completar o seu desenho.
Os acontecimentos provocam nele movimentos peristáuticos...ele eh visceral porque a vida o atinge e o transforma. Ele não eh um ser neutro diante das circunstancias...ele se envolve e devolve tudo em forma de arte. Fala de maconha o tempo todo mas a impressão que tive eh que fala da fumaça e sua simbologia libertaria, seu *tubo de oxigênio* que o faz digerir e colocar para fora tudo o que ele quer limpar de dentro de si mesmo, nem que para isso ele tenha que ser um homem que nunca dorme.

domingo, 22 de março de 2009

3º Identificação

no momento em que
assistir 'eu me lembro',
não muito me identifiquei com a história ali contada,
por diversos motivos não me identifiquei.
enfim...
porém, naquele outro momento, naquela quarta-feira ao
ouvir as diversas e excentricas histórias de Edgar,
ocorreu uma identificação muito natural e espontanea.
mas como poderia uma pessoa em um momento achar que nada do outro lhe cabia
e logo em seguida se indenticar de tamanha forma?
ai surje a pergunta da Prof. Ivani.
e ai sim eu passo a entender o porque da identificação
naquele segundo momento...
o tal e precioso Tempo.
o tempo dele naquele instante era como o meu...
irregular, sem muita regra, nada linear,
o que vem em mente se fala,
o que da vontade se faz...

sábado, 21 de março de 2009

Aula 03. Por Natureza

Cheguei à FACOM, entrei no auditório, sentei bem atrás.
Lá na frente o making off de "Eu me lembro" no telão e logo abaixo um "coroa" magro, barba e cabelos mistos começa a falar centrado no objetivo do filme e, aos poucos, vai fluindo e inserindo outros discursos. Ele não se perde, mas eu me encontro.

Turma, peço desculpas, mas a experiência vivida naquele auditório e a permissão de escrever segundo eu mesma não me permitem uma declaração diferente da que vos faço agora:



Sim, sou eu.

Será que sou eu aquela pessoa que sente as coisas antes de acontecerem? Não as vê claramente, mas pode prever. E quando a "visão" se concretiza, ratifica sua mediunidade.

Será que sou eu aquele homem que insere em seus textos experiências de vida para que não se apaguem as histórias do seu eu, do seu povo e da sua cultura? Não importa se é merda ou se é entorpecente, das mãos de um criador para os olhos atentos do expectador a arte se manifesta e é sublime.

Será que sou eu o ex-usuário de maconha que fala da erva como um estímulo mental, em momento algum relacionado à marginalização social? Para ser sincera, até então não conhecia um segundo discurso como aquele sobre o assunto.

Será que sou eu aquele que não teme em criar e apresentar obras linkadas com o momento vivido, com sua exata localização no itinerário que segue? "Eu era 'x' e agora estou 'y', por isso as diferenças, as consequentes mudanças".

Será que sou eu o humilde homem que fala de suas fraquezas e deficiências com o prazer de uma gargalhada? Um homem que se conhece.

Sim, sou eu. Não sei a partir de onde e nem até onde, mas a familiaridade espiritual está presente, e ela me levou à extremos e reflexões.

E que bom que este espaço é "livre", pois esta declaração é necessária para minha trajetória.

Sou eu, Natureza.

" Sopa de letras"

Entre palavras e palavrões
Edgard Navarro deixou seu recado
entre grandes recordações
um discurso foi formado
e em meio a um sopão de letras
um vulcão de ideias eclodiu nos meus pensamentos
cheguei a uma atordoada concepção

Construir desconstruindo
mil rimas
frases bem feitas
loucura perfeita

culto a anarquia
a insânia de um anedótico

"Viva a sociedade alternativa"
sobreviva
lute com as armas
invisíveis mas poderosas
"não com a ira se mata, mas com o riso"

Esqueça que viver
tornou-se uma insídia
planejada pelos pérfidos
pois para os pérfidos
se aproxima o dia do juízo final
e ao fim será apenas um recomeço
para todos os insanos
poetas da contemporaneidade.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Quem é a sua Maria louca?

Todo mundo tem um louco. Geralmente morador de rua, anormal, excluído socialmente, que de alguma forma meche no seu âmago em algum momento do seu dia. Eu havia esquecido o meu. Mas Edgard Navarro fez o favor de me lembrar que ele existiu, quando lançou o filme “Eu me lembro”.

O meu era homem. Um João louco. Lembro-me quando era pequena e minha avó me levava à casa dos meus primos para brincar, enquanto ela fofocava com a irmã. No meio do caminho tinha um louco que dizia que eu era filha dele. Eu simplesmente o odiava. Ele era grande, barrigudo, desdentado e... Louco. Toda vez que me via armava a maior festa e dizia com todo fervor “minha filha!”. Só deus sabe o quanto desejei seu sumiço.

Daí, um belo dia, ele sumiu... E caiu no meu baú de infância. Nunca mais me lembrei daquele ser diferente que sabe-se lá porque, identificava em mim alguma filiação. Loucura total. Nunca senti falta dele, sentia mesmo era um desconforto, revolta, por ele ousar a se achar meu pai. Roubar o lugar do meu genitor, referência principal para mim na época.

Devo confessar, de vez em nunca me recordava dele, deitado no passeio em frente á uma padaria de lajotas vermelhas. Sem camisa, cabelos emaranhados, descalços e com aquele ar outside que só os loucos têm. Entretanto, antes de cair no esquecimento definitivo, quando completei uns 15 anos ele reapareceu. Um pouco mais velho, cabelos brancos, mas com a barriga enorme de sempre. Eu estava passando com a minha avó pelo mesmo local da época infantil, quando ele gritou “MINHA FILHAA!” abrindo os braços com o maior sorriso amarelo desdentado. (ele não esperava que eu fosse abraçá-lo né?) Creio que ele só me “reconheceu” por causa da minha avó, que não muda a aparência nunca. Ou talvez, até tenha se lembrado de mim, sei lá.

Ás vezes me questiono se sou tão louca quanto ele, pois, até hoje sinto aquele desconforto idiota de repugnância com o homem. Um ultraje mesmo. Esse fato impregnou tanto no meu ser, que me pergunto se não fui filha dele em alguma encarnação. Talvez tenha sido mesmo, num mundo em que só ele entendia e onde só ele me via, porque eu, o terei sempre como o homem feio, sujo, fedorento e louco, que dormia num passeio em frente a uma padaria que já não existe mais.

Passa Tempo!


Aquele que passa e nunca se esgota,
fuga voraz que não acha seu fim,
sempre constante seu som em silêncio,
imagens borradas de força em desfoque.

transpassa matéria permeia universo,
recita mover-se de sonora dissonância,
Esgotasetempoinutilmente,
na medida exata do desejo requerido.

Fatídico contar de horas a fim,
da exagerada vontade que não é paz
Zunido entorpecido, inaudível ruído
De mentes alheias, alvoroço multidario
Pensamento flutua em meio à bagunça
Cada minuto contado é um grão a menos de vida!

Tempo Tempo Tempo

“É também a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência. O ciclo vital, que não muda com o transcorrer da eternidade. A infinita e generosa oferta que a natureza nos faz, desde que saibamos reverencia-la e louvá-la. É também conhecido, nos candomblés como "Tempo".........


Oração ao Tempo

És um senhor tão bonito
........................................
Tempo tempo tempo tempo
...........................................
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
.........................................
Entro num acordo contigo
..........................................
........................................
E pareceres contínuo
..............................................
És um dos deuses mais lindos
Tempo ...................................

...........................................
...........................................
..........................................
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

.............................................
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

............................................
.............................................
............................................
.............................................
.............................................

............................................
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
............................................

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
............................................
Num outro nível de vínculo
............................................
............................................

...........................................
Tempo tempo tempo tempo
............................................
Tempo tempo tempo tempo...


“........O TEMPO DA, O TEMPO TIRA, O TEMPO PASSA E A FOLHA VIRA........”


Oração ao Tempo- Caetano Veloso.
Texto Cultura Afrodescendente- Tempo

terça-feira, 17 de março de 2009

"Pra pensar" 2° aula

O filme da memória

Aquele que falava da relação corpo-mundo

Um menino descobrindo seu corpo

Seu corpo descobrindo um mundo

Tudo ao seu tempo

Tudo conforme a temporalidade!

Quando falamos de memória logo somos remetidos a expressão: “Eu me lembro”. Esta costuma ser a frase inicial sempre que vamos contar algo do nosso passado, mas para a turma cinco do “AA”, ela também lembra a sessão cinema da aula passada, sim o filme de Edgar Navarro que leva esse titulo e traz em seu enredo uma relação tempo – memória, ou seja, ele conta a história de Guiga através das lembranças do seu passado: a sua relação com o mundo, suas descobertas sexuais (essas permeiam todo o filme, desde sua infância a até sua fase adulta), os conflitos familiares, sociais, emocionais (sempre intensos), ideológicos e religiosos. Seguindo uma ordem biológica e cronológica dos fatos, evidenciando a fator “tempo” e nos fazendo pensar que sempre há tempo para refletir as ações do passado, agir no presente para assim modificar o futuro!!!

Chegando por aqui..

Minha primeira postagem por aqui. Conversei com alguns colegas na noite de quinta e aproveito agora pra falar aqui os meus primeiros sentimentos ao entrar na minha primeira aula de AA. Quando vi todo mundo conversando, rindo, falando de textos antigos pensei: "gente, como assim? Será que eu faltei mais de uma aula? Será que é realmente a segunda aula dessa turma? Eles parecem se conhecer há tempos!" E fiquei ali, quieta. De repente a professora começa a falar.. ela fala rápido, nem acreditei! Uma das minhas maiores dificuldades sempre foi assistir aula “lenta”. Uhuu!! Que maravilha, assim o aprendizado pra mim fica mais fácil! Algumasoisas não consegui capitar instantaneamente, mas acredito que foi pela minha ansiedade e a sensação de estar atrasada em algumas coisas da matéria. Estava nervosa, sim. Mas, durante uma ótima discussão percebi que aquela turma na verdade conseguiu adquirir em poucos dias um companheirismo e uma afinidade cósmica. Talvez Jung chame de sincronicidade o encontro desse grupo... e eu, acredito que não caí nessa sala por acaso... na verdade acredito que ninguém tenha caido nessa sala por acaso!

Na próxima aula poderei me apresentar para vocês e aos poucos vou conhecendo cada um! E quanto ao tempo.. fico aqui esperando ele passar, para que chegue essa próxima produtiva e gostosa aula das minhas noites de quarta!

domingo, 15 de março de 2009

n u m p o n t o.




"as constelações urbanas formando-se assim, escorridas entre luzes de postes, gambiarras e janelas de edifício - cada qual na sua linha, cada um no seu desenho - não deixam esquecer que o caos e a ordem passeiam pelo mesmo caminho.

não necessariamente nesta mesma ordem"




Será que há realmente algo que possa ser definido como provisõrio ou temporário?Mesmo com a ordem cronológica que nos apegamos como se agarrassemos qualquer linha que se forme dentre milhares ou infinitos pingos de chuva,enquanto chove tudo.
Todas as outras gotículas estão coexistindo- tal qual escuridão e luz:não dá para separar de tempo em tempo(mesmo na escuridão há luz porque há ausência dela)- há uma permanência das gotas durante a chuva.De todas elas,desde a primeira até a última vista(se é possível fazer esta distinção),nenhuma é transitória,são isentas de temporalidade.
Como o tempo que coexiste,sendo paralelo, sendo ao mesmo tempo, sendo o mesmo tempo, sendo um só ponto.
É engraçado como com o pouco que temos e conhecemos sobre o tempo(inclusive do ponto de vista ontológico)queremos que um infinito se limite a um temo que é sequencial, finito,restrito.De toda forma há de se colocar os movimentos ou não-movimentos submetidos a unidades de medidas como velocidade e distância:"constituir um ponto fixo nas fases oscilantes do universo."


.imagem-Caio Rubens
.meio-firmamento-Caio Rubens
.num ponto.-Nti Uirá

Primeiro contato

Hoje é quarta-feira
e eu estou atrasada
em meio a uma corrida
os pensamentos foram meu guia

Enfim cheguei na sala
Deparei-me com um circulo e uma professora perdidinha
fui ajudar aquela que me chamaria, de minha melhor amiga
a aula prosseguiu, apoteótica

Apresentações findadas
historias contadas
almas completando umas as outras
estrelas nascidas
da motivação de uma estrela guia

A estrela é a professora e dançarina
qualquer semelhança com minha irmã-prima
é mera ironia do destino, da vida

Mas agora acabou a aula?
amanhã é apenas quinta-feira
quando chegará a quarta-feira
onde falaremos de arte e cinema
quadro das paixões e da vida?

Quarta é dia de pensar
ouvir e falar
aceitar opiniões e opinar
aprender e racionalizar

Enfim aula de Ivani maluca
mas acima de tudo profissional
que faz com prazer o que gosta
é um dia para se esperar
dia esse que de tão famoso atraiu curiosos de outros Aas
e a turma cresceu, quer dizer a família
a família do conhecimento
que ao se conhecer já se tornaram um grupo homogéneo
fundamos o clube unidos pela arte, pelas ideias, sonhos e desejos
que apesar de distintos, tem um sentido único
agora só somamos.



A! Acredito que nada é por acaso
mas como pode um grupo maravilhoso, quase completo
encontrar um educador que vem complementando?
simples destino...

2º Tempo

tempo1

[Do lat. tempus, pela f. tempos, que foi sentida como um pl. port. de que se tiraria um singular.]

Substantivo masculino

tempo real/virtual

tempo carnal/espiritual

tempo pessoal/profissional

tempo coletivo/individual

dia/noite

ontem/hoje/amanhã

presente/passado/futuro

tempo...

para nascer

para morrer

para comer

para durmir

para sonhar

para acordar

para estudar

para trabalhar

para namorar

tempo até para pensar

tempo para a tristeza vir e voltar

e com isso precisa-se de

tempo para consolar

que como conseqüência

logo chega o

tempo de felicitar...