sábado, 21 de março de 2009

Aula 03. Por Natureza

Cheguei à FACOM, entrei no auditório, sentei bem atrás.
Lá na frente o making off de "Eu me lembro" no telão e logo abaixo um "coroa" magro, barba e cabelos mistos começa a falar centrado no objetivo do filme e, aos poucos, vai fluindo e inserindo outros discursos. Ele não se perde, mas eu me encontro.

Turma, peço desculpas, mas a experiência vivida naquele auditório e a permissão de escrever segundo eu mesma não me permitem uma declaração diferente da que vos faço agora:



Sim, sou eu.

Será que sou eu aquela pessoa que sente as coisas antes de acontecerem? Não as vê claramente, mas pode prever. E quando a "visão" se concretiza, ratifica sua mediunidade.

Será que sou eu aquele homem que insere em seus textos experiências de vida para que não se apaguem as histórias do seu eu, do seu povo e da sua cultura? Não importa se é merda ou se é entorpecente, das mãos de um criador para os olhos atentos do expectador a arte se manifesta e é sublime.

Será que sou eu o ex-usuário de maconha que fala da erva como um estímulo mental, em momento algum relacionado à marginalização social? Para ser sincera, até então não conhecia um segundo discurso como aquele sobre o assunto.

Será que sou eu aquele que não teme em criar e apresentar obras linkadas com o momento vivido, com sua exata localização no itinerário que segue? "Eu era 'x' e agora estou 'y', por isso as diferenças, as consequentes mudanças".

Será que sou eu o humilde homem que fala de suas fraquezas e deficiências com o prazer de uma gargalhada? Um homem que se conhece.

Sim, sou eu. Não sei a partir de onde e nem até onde, mas a familiaridade espiritual está presente, e ela me levou à extremos e reflexões.

E que bom que este espaço é "livre", pois esta declaração é necessária para minha trajetória.

Sou eu, Natureza.

Um comentário:

  1. Poizé... Justamente o que conversei com "alguem" (gente, sou péssima para gravar nomes) depois da aula.

    Ouvir o Edgard, é simplesmente se vê e sentir a corajem de ser o que é bem de perto.
    Te inspira a querer tirar todas as capas, todos os rostos, todos os tabus de seu mundinho (de merda?).

    Defino o Edgard como uma molécula que absorve o mundo com uma intensidade incrível, e talvez, essa definição não seja única, nao seja minha... Já que por aí, estudos que revelam que somos uma coisa viva em movimento interagindo o tempo todo.

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